# 027

* de sabão e de sopro


e no meio da rua perigosa do centro, de madrugada, onde só poucos carros, putas e homens mal encarados passavam, no passeio do canteiro central lá estava uma figura sentada.

parecia com frio, mas fingia não estar. ventava um pouco e o ônibus só passaria dali a uns 40 minutos.

no seu ponto de ônibus não tinha mais ninguém, no outro, um pouco mais pro lado, tinha um bêbado que gritava repetidamente uma frase que não dava pra entender.

sem mais o que fazer, sacou do bolso um potinho que ganhara numa festa um pouco antes, o abriu, olhou pros lados e segurou a tampa em frente à boca e assoprou tímido...

de repente a rua se enche de bolhas de sabão. muitas... e as pessoas que passavam dentro dos carros olhavam (e atropelavam) as bolhas. dava pra perceber certa pena no olhar de algumas, outras ensaiavam um sorriso.

o importante era a cena... bolhas de sabão numa rua do centro de madrugada...